Livro

«Fantasmagorias do Retorno | Portugal e a Nostalgia Colonial» de Roberto Vecchi

Edições Afrontamento | Memoirs (2025)

A nostalgia, ou seja, a possibilidade de repensar um passado sem culpas, é um traço dominante da nossa modernidade. É um modo de reusar e de refazer o passado. A experiência de Portugal em África deixou - com traços hoje evidentíssimos - uma difusa constelação de sentimentos nostálgicos do passado colonial. A nostalgia colonial de África é uma herança vistosa no presente e nas produções culturais contemporâneas. Pelas tangências com outros sentimentos como a perda, a melancolia, mas sobretudo, no caso de Portugal, a saudade, a nostalgia proporciona materiais fundamentais para o imaginário português contemporâneo (literatura, cinema, artes plásticas, teatro) e para a construção de uma memória pública. Portugal alimenta e reforça uma fantasmagoria do retorno em relação ao passado africano, que encontra, também nas comunidades da internet, um repertório de lugares de contemplação, revisão e, reencantamento do passado, contribuindo amplamente para a formação de vastas e idealizadas memórias e pós-memórias coloniais. Mas será possível resgatar a nostalgia do seu conservadorismo ontológico e torná-la, através de uma revisão radical, uma forma de construção do futuro?

O livro será apresentado por Raquel Ribeiro (IHC-UNL) e Paulo Faria (Escritor), dia 28 de maio, pelas 18h00, na Livraria Almedina/Saldanha (Lisboa).


Sobre o autor
Roberto Vecchi é professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira e de História das culturas de língua portuguesa na Universidade de Bolonha e investigador colaborador do CES. É, desde 2007, coordenador da Cátedra Eduardo Lourenço (Camões-UNIBO) com Margarida Calafate Ribeiro. Foi presidente, de 2014 a 2021 da AIL, a Associação Internacional de Lusitanistas. Autor de uma bibliografia extensa sobre a teoria e a história das culturas de língua portuguesa, assinalam-se, em coautoria com Vincenzo Russo, o volume A literatura Portuguesa. Modos de ler (Lisboa, 2022) e em coautoria com Margarida Calafate Ribeiro o volume Eduardo Lourenço: Uma geopolítica do pensamento (Porto, 2023).