Enquadramento

A violência exercida em nome das religiões, mas frequentemente dissociada das grandes tradições religiosas, obriga a considerar a religião sob o duplo signo da sua historicidade e da pluralidade dos modos de existência no mundo global. Nada do que julgávamos saber sobre a religião parece hoje seguro. Nos movimentos que proclamam Deus, Buda ou Alá para matar, ou na violência física e simbólica exercida contra as mulheres e as minorias sexuais, podemos ser tentados a ver permanências de séculos de violência religiosa. Ora, tal leitura não resiste à análise dos processos concretos de invocação da religião por parte de identidades violentas. Indissociáveis das heranças coloniais, das desigualdades e da precariedade normalizada, da Internet como veículo incontornável de circulação de sentidos, da deslocalização das linguagens e técnicas de morte, ou das construções e distorções mediáticas, tais processos têm pouco em comum com os mundos tradicionais.  Menos um acontecimento da religião que o resultado de uma combinação de diversos tipos de factores,  esta violência com “branding” religioso não deixa, contudo, de interpelar as religiões.
Este debate coloca em diálogo representantes de algumas tradições religiosas, cientistas sociais e pensadora/es. Em cima da mesa duas questões principais:
- Que recursos têm as religiões para pensar criticamente esta violência com nome de religião?
- E que estratégias de paz lhe podem hoje contrapor?

Oradores:
Abel Pego, Pastor da Igreja Evangélica Baptista de Cedofeita
António Matos Ferreira, católico, professor universitário
Esther Mucznik, Vice-Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
Sheik Munir, Imã da Mesquita de Lisboa
Ludwig Krippahl, representante da Associação Ateísta Portuguesa, professor universitário

Comentador: Boaventura de Sousa Santos, Diretor do Centro de Estudos Sociais

Moderador: Tiago Pires Marques, Investigador do CES

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