Apresentação

Alguns livros políticos editados em Portugal nos anos 1960 e 1970 (antes do 25 de Abril e durante o PREC) tiveram importante papel na oposição ao regime e na denúncia dos crimes, arbitrariedades e violências cometidos pela ditadura de Salazar e Caetano, contribuindo para que os portugueses tivessem uma ideia mais clara sobre os efeitos do longo período autoritário para o país. Entre estes, destacaram-se os livros com críticas e denúncias sobre a guerra colonial iniciada em 1961. A edição desses livros aconteceu mesmo durante a ditadura, apesar da censura, e cresceu após o 25 de Abril, principalmente no período do “Processo Revolucionário Em Curso”.

Por outro lado, houve também importante movimento editorial no sentido de apoiar a política colonialista portuguesa, com a publicação de muitas obras defendendo e justificando a manutenção dos territórios do Ultramar.

Este seminário vai abordar quais foram as editoras que publicaram estas obras de oposição ou de apoio à política colonial portuguesa, quais as suas relações como os grupos políticos em atuação na época e como tais obras tiveram um papel político no debate e nas lutas políticas que se travavam sobre este tema central na história de Portugal do século XX.

Além disso, será apresentado um levantamento das obras editadas sobre o tema entre o início da guerra colonial e o fim do PREC, incluindo livros a favor e contra a política colonial portuguesa no período.


Nota biográfica

Flamarion Maués | Doutor e mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP, Brasil), com estágio pós-doutoral na mesma Universidade. Professor no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus Registro, e membro associado do Instituto de História Contemporánea da Universidade Nova de Lisboa. Autor de Livros que tomam partido: Edição e revolução em Portugal, 1968-80 (Lisboa, Parsifal, 2019) e Livros contra a ditadura: Editoras de oposição no Brasil, 1974-1984 (São Paulo, Publisher, 2013). Foi coordenador editorial da Editora Fundação Perseu Abramo, vinculada ao Partido dos Trabalhadores, do Brasil, entre 1997 e 2008. Este trabalho é resultado de projeto de pós-doutorado financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processo 2013/08668-0). As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.
 

Evento coorganizado no âmbito do projeto CROME - Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais com a Cultra - Cooperativa Culturas do Trabalho e Socialismo. Insere na programação Abril é Agora,